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Não Fazer Nada

Muito se fala em produtividade e procrastinação. Ambas as palavras são encaradas como extremos opostos onde a primeira é algo valorizado e a segunda carrega o peso da inutilidade... Mas, e quanto a não fazer nada?


Vejamos, muitos tendem a confundir não fazer nada com atividades inúteis que possuem a única utilidade de entregar uma pequena doze de prazer naquele curto espaço de tempo e nos deixa um pouco menos piores... Em outras palavras, não fazer nada difere de procrastinar.


Não fazer nada ≠ procrastinar


Quando me refiro a não fazer nada, estou adentrando no sentido literal da ação. Estou literalmente me referindo a ficar parado sem mexer no celular, ler, desenhar, escutar música e/ou qualquer outra atividade externa que possa distrair.

Apenas você com seus próprios pensamentos.

Em um primeiro momento, isso pode parecer ser algo visivelmente fácil de ser realizado, correto? Tudo que precisa ser feito é encarar o nada e pensar. É quase igual a algum grau de meditação.

Mas, por quanto tempo você realmente acredita conseguir manter esse estado de não fazer absolutamente nada?

Quanto tempo aguenta sozinho com seus próprios pensamentos?


A título de comparação, normalmente quando dou aulas de judô, de quanto em quando, passo um momento chamado "Mukuso", que em português significa "meditação".

Normalmente coloco todas as crianças sentadas em uma posição chamada de "Seiza" ou até mesmo o "agura" e dou início dizendo a palavra "Mukuso" falando para todos fecharem os olhos.

O objetivo desse exercício é que todos eles façam uma reflexão da semana deles, do dia e da aula.

Muitas crianças já começam a ficar inquietas após os primeiros 60 segundos. Um pouco mais e a maioria delas já estão se mexendo, abrindo os olhos e tentando fazer algo para ocupar o tempo.


Nunca estendi esse exercício por mais de 5 minutos. É visivelmente torturante para a maioria das crianças.

Tenho certeza que para a maioria dos adultos e adolescentes, algo parecido aconteça. Não é fácil ficar tanto tempo consigo mesmo sem nada além de seus próprios pensamentos.


Isso é um pouco engraçado. Afinal de contas, não fazer nada é menos preferível do que fazer a atividade mais chata existente no planeta.


Escrito por: Lucas Garcia

Originalmente publicado: lucasgarciajornada.com

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